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Luís Filipe Vieira suspende funções como presidente do Benfica. Direção do clube reuniu para discutir o futuro

Luís Filipe Vieira suspende funções como presidente do Benfica. Direção do clube reuniu para discutir o futuro
ANTÓNIO COTRIM

O anúncio partiu do advogado de Luís Filipe Vieira, que acautelou que tal não se trata de uma renúncia ao cargo, mas apenas de uma suspensão de funções "enquanto o exercício" das mesmas "prejudicar o inquérito que está em curso". Quem, no Benfica, assumirá então essas funções? Os Estatutos pouco ou nada esclarecem e a direção do clube vai reunir-se ainda esta sexta-feira para "deliberar os próximos passos"

A revelação aconteceu mesmo à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal e veio da boca de Magalhães e Silva, advogado do presidente do Benfica: "a linguagem que o senhor Luís Filipe Vieira me encarregou de vos transmitir é muito clara: a partir deste momento, suspendeu as suas funções como presidente do Sport Lisboa e Benfica".

A direção do clube, que terá sido informada da suspensão ao mesmo tempo que foi comunicada publicamente, vai reunir-se ainda esta sexta-feira, "nas próximas horas", para deliberar os próximos passos", disse fonte oficial do Benfica à Tribuna Expresso.

O advogado de Luís Filipe Vieira, perante as perguntas dos jornalistas presentes diante do tribunal, assegurou que "suspensão não é renúncia" e a decisão de Luís Filipe Vieira estava a ser comunicada, em simultâneo, à comunicação social e "às estruturas interessadas" - ou seja, aos órgãos sociais do Benfica.

O presidente do clube da Luz está "em completa serenidade", garantiu o advogado, que enalteceu o "sentido de responsabilidade" de Vieira entre "a sua posição pessoal e institucional", sublinhando "a prevalência" da segunda sobre a primeira. "É uma suspensão enquanto o exercício de funções prejudicar o inquérito que está em curso", resumiu, no final, Magalhães e Silva.

E agora, quem assume as funções?

Suspendendo oficialmente as suas funções na presidência do Benfica, para a qual foi reeleito a 28 de outubro de 2020, as responsabilidades de Luís Filipe Vieira terão de ser assumidas por alguém dos órgãos sociais do clube, previsivelmente por outro membro da direção.

Os Estatutos são bastante omissos quando se trata de uma suspensão de funções. Não se tratando de uma renúncia ou cessação de mandato, o documento nada esclarece sobre quem poderá exercer as funções da presidência caso o titular do cargo as suspenda.

O seu mandado de quatro anos apenas cessaria antecipadamente "por morte, impossibilidade física, perda da qualidade de sócio, perda de mandato nos casos previstos no Artigo 38º, situação de incompatibilidade, renúncia ou destituição", lê-se, no artigo 43.º

Luís Filipe Vieira apresentou-se esta sexta-feira, de novo, a interrogatório judicial no Tribunal Central de Instrução Criminal, devido ao processo 'Cartão Vermelho'. O presidente do Benfica passou uma segunda noite nas instalações da Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.

Vieira foi detido na quarta-feira no âmbito do processo coordenado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que emitiu 44 mandados de busca por poderem estar em causa "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".

A investigação incide sobre negócios e financiamentos suspeitos, superiores a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado, o Novo Banco, o Benfica.

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