A Vuelta despediu-se de Portugal no dia em que Van Aert se despediu da maldição de não vencer

Jornalista
Um homem aliviado, um corredor a quem um peso foi tirado de cima. Foi assim que Wout van Aert se apresentou após cortar a meta em Castelo Branco, na sequência da 3.ª etapa da Vuelta, a última em solo português.
No final dos 191,2 quilómetros que ligaram a Lousã à cidade albicastrense, o belga da Visma foi o mais rápido no sprint que decidiu a jornada. O dia arrancou de Lousã, num trajeto sem dificuldades montanhosas, o qual tornava um fim em pelotão compacto praticamente numa certeza.
Foi nesse sprint que Van Aert terminou uma malapata com as grandes voltas que durava há mais de dois anos. Desde o Tour 2022 que o craque belga não ganhava numa das três principais corridas por etapas, sendo que, esta época, a maldição apresentava contornos especialmente dolorosos, com Van Aert a bater reiteradamente no poste: foi 2.º em duas etapas do Tour e 3.º noutra, numa repetição de quase-vitórias que levou para esta Vuelta. No contra-relógio inaugural foi 3.º, na tirada que chegou a Ourém foi 2.º.
Wout impôs-se, na conclusão da etapa, ao australiano Kaden Groves, da Alpecin, vencedor da etapa anterior. O último lugar do pódio foi para o espanhol Jon Aberasturi, da Euskaltel. Os três portugueses da Vuelta — João Almeida, Rui Costa e Nélson Oliveira — chegaram todos, sem problemas, integrados no pelotão principal.
Van Aert, além de não ganhar em grandes voltas há mais de dois anos, não triunfava no World Tour, a primeira divisão do ciclismo, desde março de 2023, demasiado tempo para um dos maiores talentos do ciclismo da atualidade.
“A diversão acabou-se”, disse, após terminar a etapa, o belga. O líder da corrida fazia referência ao fim das jornadas planas. A 4.ª etapa, já em Espanha, representará a chegada da montanha ao percurso.
Os 170,5 quilómetros entre Plasencia e Pico Villuercas terão uma contagem de 3.ª categoria, uma de 2.ª e duas de 1.ª categoria, a última delas a coincidir com a meta, no final de uma ascensão de 14,6 quilómetros com 6,1% de pendente média. Será o primeiro grande teste para os homens da geral, nomeadamente para João Almeida, que segue em 9.º, a 32 segundos de Van Aert.
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