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Yuran: “Via os jogos do Estrela em Cabo Verde. Já conhecia os jogadores. Gostava muito do Jorge Andrade, acho que sou parecido com ele”

Yuran Fernandes tem 26 anos e é um dos capitães do Estrela, clube que já conhecia desde os tempos em que começou a jogar, em Cabo Verde
Yuran Fernandes tem 26 anos e é um dos capitães do Estrela, clube que já conhecia desde os tempos em que começou a jogar, em Cabo Verde
José Fernandes
Yuran Fernandes tem 26 anos mas é, ainda assim, um dos mais veteranos do balneário do Estrela da Amadora, onde é um dos capitães que aconselha os mais novos e que conhece a história do clube, que já seguia quando crescia em Cabo Verde, conta à Tribuna Expresso

Como chegaste ao Estrela?
Cheguei cá porque já tinha jogado contra o mister [Rui Santos], ele já me conhecia de épocas anteriores, como adversário, joguei contra ele. Quando a pandemia acabou, ele ligou-me e disse que queria contar comigo e fomos falando até acertar tudo.

Já conhecias o Estrela?
Sim, sim, as recordações que tenho do Estrela é só na I Liga. Eu via os jogos do Estrela em Cabo Verde e gostava sempre muito de ver os jogos que eram aqui no estádio. Lembro-me bem que era difícil ganhar aqui e o estádio estava sempre cheio. Depois com o passar dos anos o Estrela foi-se perdendo. Mas quando vim para Lisboa sempre ouvi dizer que as equipas de Lisboa eram Sporting, Benfica e Estrela. Desde que cheguei a Portugal sempre perguntei pelo Estrela, para ir sabendo como estava, e diziam-me que tinha acabado. Mas afinal não acabou.

É especial jogar aqui?
Sim, é, porque é um clube que já acompanhava há anos, é um clube histórico, sei o que era o Estrela. Agora infelizmente já não temos adeptos no estádio, mas é uma sensação diferente jogar aqui. Já conhecia obviamente os jogadores que aparecem aqui nas paredes, um dos que gosto mais é o Jorge Andrade. Foi internacional, era da minha posição e começou aqui. Gostava muito dele, acho que sou parecido em campo com ele, pelo menos na atitude. A qualidade é que pode não ser a mesma [risos].

Além de jogares no Estrela, fazes mais alguma coisa?
Sou profissional, sim, mas de momento estou a fazer um curso profissional de gestão de hotelaria, mas só me falta apresentar o projeto. Treino de manhã, chego a casa à tarde e tenho tempo para fazer, saio daqui por volta das 14h e tenho a tarde toda para fazer o projeto. Acho que vai ajudar-me para o futuro, porque sou de Cabo Verde e lá vivemos muito do turismo. Quando acabar a minha carreira quero ir viver para Cabo Verde e investir lá no turismo.

Esta é uma semana mais difícil, pelos três jogos consecutivos que tiveram?
Faz diferença ter dois jogos antes. Gostávamos de treinar durante a semana normalmente e jogar com eles, mas não é possível. Vai pesar um pouco, porque são jogos atrás de jogos e ninguém aqui está acostumado com isso, é a primeira vez que vamos fazer cinco jogos em 15 dias, por isso quando chegarmos ao do Farense se calhar vamos estar um pouco cansados fisicamente, mas acho que podemos vencer o cansaço psicologicamente, com a vontade que vamos ter. Queremos passar à próxima fase, a malta quer mostrar-se.

O que disseram no balneário sobre o jogo, entre os mais velhos e os mais novos?
Vemos este jogo como algo para dar mais visibilidade. Claro que sabemos que o Estrela já tem a visibilidade dele, pelo clube que é, mas nestes jogos ainda mais, é mais uma oportunidade para chegar lá acima. Falamos disto no balneário com os mais novos. A Taça dá muita visibilidade, os jogos contra equipas de primeira são importantes, porque há muitos exemplos de jogadores que jogaram contra equipa de primeira e depois foram contratados. O que dizemos no balneário é que primeiro temos é de treinar bem. E depois, seja lá o que Deus quiser. Só não podemos andar a brincar nem a facilitar, que o que é nosso está guardado. Nós falamos é para o bem dos mais jovens.

Ficaste preocupado ao ver o Sacavenense-Sporting?
Não fico nada preocupado com isso, porque cada jogo é um jogo, o Sacavenense faz os dele e nós fazemos o nosso.

O que esperas do Farense?
Temos muita confiança para a Taça, muita confiança. Acredito que o Farense vem aqui já avisado, não vem com os menos utilizados, depois de ter visto o que aconteceu nos últimos dias com outras equipas da I Liga. Mas acreditamos que vamos passar à próxima fase.

Lembras-te de ver o Estrela ganhar a Taça de Portugal, em 1990?
Não me lembro do Estrela ganhar a Taça, isso já é muito antigo. Só me lembro de ver na I Liga. Só quando cheguei aqui é que soube que tinham ganhado a Taça de Portugal, antes não sabia. Quando vim fui pesquisar a história do Estrela e li sobre isso.

E no campeonato, quais são os objetivos?
O objetivo é subir, não há outro caminho. É chegar à II Liga. A III Liga... pode ser um troféu, mas não é objetivo que temos, queremos chegar à II Liga, colocar o Estrela bem lá em cima. É para isso que trabalhamos durante a semana.

Um jogador do Estrela ganha bem?
Depende [risos], cada um faz o seu contrato. Acho que aqui dá para viver só do futebol, pelo menos para mim dá.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: mmcabral@expresso.impresa.pt