Futebol feminino

A revolução na federação espanhola continua: agora caiu o diretor de comunicação

A revolução na federação espanhola continua: agora caiu o diretor de comunicação
Eurasia Sport Images

Nas últimas horas, Pablo García-Cuervo, o diretor de comunicação da federação espanhola, foi dispensado. Segundo o “El País”, o nome deste dirigente estava na lista de exigências das futebolistas, que reforçaram a luta por melhores condições de trabalho na sequência do beijo não consentido do agora ex-presidente da federação, Luis Rubiales, a futebolista Jennifer Hermoso. A chefe de imprensa da seleção feminina confirmou pressões de dirigentes para garantir uma declaração de Hermoso na qual garantia que o beijo fora consentido

O castelo de cartas da Real Federación Española de Fútbol (RFEF) vai-se desmoronando, respondendo assim às exigências das futebolistas campeãs do mundo.

Nas últimas horas, Pablo García-Cuervo, o diretor de comunicação da federação, foi dispensado. Segundo o “El País”, o nome deste dirigente estava na lista de exigências das futebolistas, que reforçaram a luta por melhores condições de trabalho na sequência do beijo não consentido do agora ex-presidente da federação, Luis Rubiales, a Jennifer Hermoso, futebolista, durante a cerimónia da entrega da taça do Mundial.

O diário espanhol, segundo fontes da federação, indica que terá sido Albert Luque, o ex-futebolista e ainda diretor desportivo, o responsável pelo despedimento de García-Cuervo. Luque terá de ir a tribunal, no próximo dia 10, por ser suspeito de ser um dos responsáveis pelas pressões que sofreram familiares e amigos de Hermoso, com a intenção de a jogadora declarar que o beijo de Rubiales havia sido consentido, tentando assim desatar o nó criado após a final do Mundial.

Ruben Rivera, o patrão do marketing da RFEF, está visado pela justiça por ser um dos suspeitos, a par de Albert Luque, de ter pressionado a entourage de Hermoso.

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O selecionador Jorge Vilda foi a primeira baixa da ressaca do título mundial, um momento histórico que teve pouco de festivo. Seguiram-se Rubiales, entretanto indiciado pelo Ministério Público (MP) por agressão sexual e coação, e Andreu Camps, o secretário-geral. O “El País” revela que a sangria deverá engrossar.

Por outro lado, Patrícia Pérez, a chefe de imprensa da seleção feminina, revelou na Audiência Nacional, na sexta-feira, que recebeu pressões por parte de Rubiales, a quem o MP obrigou a estar a 500 metros da futebolistas beijada sem consentimento, e dos seus fiéis funcionários ou aliados para garantir a luz verde de Hermoso para um comunicado em que declarava que o beijo fora consentido, escreve o “El Mundo”.

O juiz responsável pelo dossier Rubiales terá acesso aos telefones de Patrícia Pérez e do irmão de Hermoso, Rafael, que confirmou nos tribunais, durante a semana, as pressões mencionadas logo após o estalar do caso.

O “El Mundo” dá conta ainda de que na segunda-feira estarão perante o juiz e o Ministério Público Alexia Putellas, Irene Paredes e Misa Rodríguez, três futebolistas espanholas com quem Hermoso terá falado sobre as pressões levadas a cabo pelos dirigentes já mencionados.

BLA BLA

As jogadoras da seleção espanhola, que se recusaram a regressar à seleção enquanto não fossem dados sinais de mudança, voltaram entretanto à atividade, não sem ter mais um caso polémico. A grande maioria das jogadoras da seleção espanhola aceitou reintegrar a seleção para defrontar a Suécia e Suíça na Liga das Nações, após acordo com a Federação e Governo, anunciou o presidente do Conselho Superior dos Desportos, há sensivelmente 10 dias.

“Chegámos a uma série de acordos que serão redigidos e assinados amanhã pela Federação e pelo Conselho Superior dos Desportos”, disse Victor Francos, o presidente do Conselho Superior dos Desportos de Espanha, na madrugada de 20 de setembro, após horas de negociações com as jogadoras.

“Das 23 jogadoras convocadas, duas pediram para abandonar o estágio por razões (...) de desconforto pessoal”, acrescentou.

Essas jogadoras foram Mapi León e Patri Guijarro, ambas do Barcelona e duas das jogadoras que também não estiveram no Mundial em conflito com a federação. “Estão a ser trabalhadas as mudanças, acordamos a criação de uma comissão mista para se monotorizar que tudo o acordámos está a ser cumprido. Estamos com as nossas colegas, é uma situação dura. Pessoal e mentalmente não estamos bem para estar aqui”, sublinhou Guijarro aos jornalistas.

O representante do Governo não revelou os nomes das duas jogadores em causa, mas sublinhou que não serão objeto de sanções, contrariamente ao que tinha sido anunciado anteriormente.

A nova treinadora da Espanha, Montse Tomé, surpreendeu quando convocou, para os jogos contra a Suécia e a Suíça, 15 campeãs do mundo e outras jogadoras que tinham pedido para não serem convocadas enquanto não houvesse mudanças na federação espanhola de futebol, na sequência do escândalo do beijo forçado do antigo presidente Luis Rubiales à futebolista Jenni Hermoso.

"As jogadoras disseram-nos que estão preocupadas com a necessidade de mudanças profundas na RFEF, e a federação prometeu que essas mudanças terão lugar imediatamente", disse Francos, o presidente do Conselho Superior dos Desportos de Espanha, na quarta-feira, 20 setembro.

Victor Francos afirmou ainda que o acordo previa o desenvolvimento da legislação espanhola em matéria de "políticas de género, progressos na igualdade salarial, nas estruturas para o desporto e especificamente para o futebol feminino".

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