O sonho de Sven-Göran Eriksson vai-se cumprir: sueco será treinador do Liverpool num jogo de solidariedade

Jornalista
Na lendária vida de Sven-Göran Eriksson, vencedor da Taça das Taças e da Taça UEFA, campeão sueco, italiano e português, treinador do Benfica, Lazio ou seleção de Inglaterra, houve espaço para sonhos não cumpridos. Um desses desejos não alcançados foi orientar o Liverpool, o clube pelo qual, desde novo, começou a torcer.
Em janeiro, quando revelou ter um cancro terminal e apenas cerca de um ano de vida pela frente, o homem de 75 anos reforçou que esse velho sonho não concretizado era uma das mágoas do seu percurso desportivo. Jürgen Klopp, o treinador que, desde 2015, se senta no banco de Anfield — e que deixará de o fazer no final da presente época —, soube da velha intenção do sueco e rapidamente reagiu.
“É muito bem-vindo aqui, pode ocupar o meu lugar e fazer o meu trabalho por um dia, se quiser. Não há qualquer problema nisso”, disse o alemão, lançando o convite para que Eriksson vestisse as cores dos reds e cumprisse o trabalho que preenchia a sua imaginação.
Agora, o repto ganhou força institucional. O Liverpool anunciou que Eriksson treinará uma equipa de lendas do clube, que disputará, a 23 de março, um encontro de solidariedade contra o Ajax, em Anfield.
O sueco sentar-se-á ao lado de lendas dos reds que também irão compor a equipa técnica, como Ian Rush, John Barnes e John Aldridge. A totalidade das receitas do desafio reverterá para a fundação do Liverpool.
Assim, Erikson juntará, simbolicamente, o Liverpool a um percurso que começou na Suécia, onde espantou a Europa ao triunfar na Taça UEFA pelo Gotemburgo. Seguiu-se uma primeira passagem pelo Benfica, entre 1982 e 1984, com duas ligas, uma Taça de Portugal e uma final perdida na Taça UEFA.
Eriksson viajaria, depois, para Itália, orientando Roma e Fiorentina, antes de regressar à Luz, para as épocas 1989/90, 1990/91 e 1991/92, com mais uma liga, uma Supertaça e a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus perdida em 1990. Regressaria a Itália, para a Sampdoria e a a Lazio — onde ganhou a Serie A —, seria selecionador de Inglaterra e trabalharia ainda no México, China, Costa do Marfim ou Filipinas.
Em janeiro, quando revelou ter “talvez um ano de vida”, o sueco disse “tentar enganar o cérebro”, procurando “ver o lado positivo das coisas”.
Recentemente, à “BTV”, Rui Costa comentou o estado de saúde do técnico, o homem que, na segunda passagem por Lisboa, fez estrear o atual presidente do Benfica na equipa principal das águias. O antigo criativo disse que soube da condição do sueco “bem antes dos adeptos”, classificando-o como “um grande senhor”, que terá sempre na Luz “a sua casa”.
Rui Costa informou ainda que, em setembro, estava organizada uma homenagem, feita pelo Benfica, a Eriksson. A celebração decorria antes da partida para o campeonato frente ao FC Porto, mas, informou o presidente, a viagem do sueco a Portugal foi “vivamente desaconselhada, na véspera, pelo médico”, pelo que a homenagem não se realizou.
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