Futebol internacional

Cristiano Ronaldo justifica ausência do funeral de Diogo Jota: “Qualquer sítio onde eu vá transforma-se num circo”

Cristiano Ronaldo justifica ausência do funeral de Diogo Jota: “Qualquer sítio onde eu vá transforma-se num circo”
Maja Hitij - UEFA

Na 2.ª parte da entrevista a Piers Morgan, Ronaldo explicou que não compareceu ao funeral do colega para evitar que as atenções estivessem focadas em si, garantindo que deu o apoio necessário à família do jogador. O jogador português deixou ainda largos elogios a Donald Trump, com quem espera sentar-se e falar num futuro próximo, e desvalorizou o peso que uma eventual vitória no Mundial terá no seu legado como um dos melhores de sempre

Pela primeira vez, na primeira pessoa, Cristiano Ronaldo falou sobre a polémica ausência do funeral de Diogo Jota, durante a segunda parte da entrevista a Piers Morgan, transmitida esta quinta-feira. 

“As pessoas criticaram-me muito, mas não me importa, porque quando tens a consciência tranquila não tens de te preocupar”, começou por dizer o capitão da seleção nacional. “Desde que o meu pai morreu que nunca mais entrei num cemitério. Sabes que qualquer sítio onde eu vá transforma-se num circo. Se eu for, a atenção estará focada em mim. E eu não quero fazer parte desse show”, continuou, frisando que não tem de estar “na primeira fila” para que as pessoas o vejam.

Cristiano Ronaldo garante que falou com a família de Jota, dando-lhes o apoio necessário. “Eu planeei as coisas, pensei na família dele, eu não preciso de estar em frente às câmaras. Eu faço-o nos bastidores”, afirmou ainda, lembrando ainda o momento em que soube da trágica notícia, a 3 de julho. “Estava com a Gio, no nosso período de descanso. Estávamos no ginásio. Não quis acreditar quando recebi a mensagem, chorei muito. Foi um momento muito difícil para o país, para a família, colegas. Foi devastador”, contou, referindo que na seleção nacional ainda se sente “a aura” de Jota.

“Porque o Diogo era um de nós. Era muito bom rapaz, tranquilo, bom jogador. Tinha os pés no chão. Gostava de estar com ele, partilhámos momentos muito bonitos”, rematou. 

A encerrar o assunto mais solene, a conversa já entrou no tema da fama e das suas repercussões, quando Ronaldo disse: Se quiseres divertir-te no teu aniversário, não me convides, porque se eu for vai ser uma confusão. Vais divertir-te muito mais se eu não estiver.

Arábia e o Mundial que não é um sonho

Na entrevista com o jornalista britânico, realizada em Riade, Cristiano Ronaldo voltou a defender a qualidade do futebol saudita. “As pessoas não sabem o que é a liga da Arábia Saudita, não sabem o que é correr com 40 graus. A liga saudita é muito melhor que a liga portuguesa, na liga francesa só conta o PSG”, sublinhou, garantindo que, noutro campeonato, marcaria o mesmo número de golos. 

“Eu aqui marco 25 golos por época. Se eu estivesse na Premier League agora, numa equipa de topo, marcava o mesmo número de golos. Facilmente. Os números não mentem”, atirou. 

Numa altura em que está prestes a ajudar Portugal a qualificar-se para mais um Mundial, que será o seu sexto, um recorde, o jogador do Al Nassr desvalorizou o peso da competição no que considera ser o seu legado como um dos melhores de sempre. 

“Se me perguntares: é o teu sonho ganhar o Mundial? Não, não é um sonho. Não vai mudar o meu nome na história do futebol. As pessoas dizem que eu vou ser o melhor se ganhar o Mundial. Eu não concordo”, apontou. “Uma competição? Seis, sete jogos? Achas que é justo? Não é justo.” 

“Ganhámos três títulos para Portugal, antes disso Portugal nunca tinha ganhado nada. E eu fico feliz. Mas juro pelos meus filhos que o Mundial não é uma obsessão”, continuou, numa entrevista que terminou com grandes elogios a Donald Trump, que Ronaldo vê como alguém “que pode ajudar o mundo”, algo que também diz ser um dos seus objetivos. 

“Eu já não consigo ver televisão, ligo as notícias e já não consigo. Gostava de conhecer Trump, gostava de me sentar e falar com ele. Gosto muito dele porque ele faz coisas acontecerem e eu gosto disso”, apontou, deixando no ar que tem “algo em comum” com o presidente dos Estados Unidos, mas que só revelará no dia em que o encontrar. 

Cristiano Ronaldo acredita que é a pessoa mais famosa do Mundo, mas tal não é uma medalha, é um fardo. “Não gosto de ser famoso, mas é o que é. É aborrecido. Adorava não ser tão famoso, porque nunca quis ser famoso. Queria ter sucesso, mas nunca ser tão famoso”, apontou, duvidando que mesmo nos sítios mais recônditos do mundo alguém não saiba quem é Cristiano Ronaldo.

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