Mais um pedaço de incrível para o rapaz incrível: Diogo Ribeiro nas meias-finais dos 50 metros livres
HUGO DELGADO/Lusa
A sensação da natação portuguesa ganhou a sua série de qualificação e ficou entre os 16 melhores nadadores que avançam na prova. Diogo Ribeiro voltará a nadar na piscina da Arena La Défense numa prova que nem é a sua especialidade
Meter a mão na água, sentindo-a, conferindo-lhe a temperatura, um primeiro contacto com o meio para o qual foi lançado em bebé e de onde, 19 anos depois, ainda não saiu. Dar dois pequenos saltos, bater suavemente no peito, meter os óculos.
É esta a rotina de Diogo Ribeiro antes de nadar. É isto que faz às 11h36 de Paris, nas eliminatórias dos 50 metros livres, o sprint das piscinas.
Um sprint em que, na sua série, ele é o melhor. Faz 21.91, acima do seu recorde pessoal de 21.87, uma tendência nesta piscina criticada pela sua lentidão.
Foi a segunda corrida para Ribeiro, a segunda experiência nesta tour de reconhecimento, neste conjunto de lições de que, certamente, se lembrará em Los Angeles, que utilizará em Brisbane. Tinha o 26.º melhor tempo de entrada, mas fez o 13.º melhor, exatamente o mesmo registo que a lenda Dressel. Nadará nas meias-finais, à noite.
De fora, sem surpresa, ficou Miguel Nascimento, que foi o 36.º.A entrada em cena da dupla portuguesa seguiu-se à longa procissão de nadadores de países mais fracos, uma série de participantes para quem estar aqui já é um triunfo, o pico de uma vida sonhando com partilhar águas com lendas.
Para Miguel Nascimento, o lisboeta de 29 anos também em estreia em Jogos, o homem que diz que o grande ídolo que tem é a sua mulher, vir a este palco supremo do desporto será uma medalha para o resto da vida. Chegou a esta qualificação com a 32.ª melhor marca, pelo que era impensável atingir os 16 primeiros.
Competindo no sexto dos 10 heats, mesmo antes de Diogo Ribeiro, seu parceiro de treino, Nascimento, na pista 3, com uns chamativos calções verdes, ajusta diversas vezes os óculos antes do esforço. Fez 22.49, abaixo do seu recorde pessoal de 21.91. Não chegou para os 16 melhores.
Chegou, sim, para Diogo Ribeiro. Ainda nem está na sua melhor prova, os 100 metros mariposa, e já cumpriu o objetivo de passar uma eliminatória. Mais um pouco de incrível para um fenómeno.