Jogos Olímpicos de Paris 2024

O fantasma de algas passadas visitou Fernando Pimenta na água “muito mexida” de Paris, onde o seu arranque foi “um bocado esquisito”

O fantasma de algas passadas visitou Fernando Pimenta na água “muito mexida” de Paris, onde o seu arranque foi “um bocado esquisito”
HUGO DELGADO/Lusa

Após superar a primeira eliminatória do K1 1.000 metros, o português abordou as particularidades da competição em Vaires-sur-Marnes, revelando que, como as águas não estavam “limpas”, teve de “colocar uma quilha na parte da frente do leme”, o que “mexeu um bocado” consigo. A três dias da discussão das medalhas, o limiano mostra-se, ainda assim, feliz por se ter “safado de fazer uns quartos de final”

Quem já ganhou 145 medalhas internacionais também tem recordações más que podem vir à memória. Quem já venceu duas medalhas olímpicas também possui experiências olímpicas desagradáveis.

Quando Fernando Pimenta viu as águas da pista em Vaires-sur-Marnes, detetou que estas não estavam “limpas”. Essa visão “mexeu um bocado” com a cabeça da lenda da canoagem. O português relata que se cruzou com “algumas algas soltas” neste percurso olímpico, encontro que, provavelmente, terá despertado na lembrança o Rio 2016 e aquela corrida em que, com esse adversário natural a prejudicá-lo, foi 5.º classificado.

“Tive de alterar o leme, tive de colocar uma quilha na parte da frente do leme para não apanhar algas”, conta, na zona mista. Pimenta diz que “o melhor é sempre não correr qualquer risco”.

Atormentado por esta circunstância e “apesar de ter conseguido vencer”, Fernando fala de uma entrada em cena nos Jogos Olímpicos 2024 “um bocado esquisita”. Ainda terá de ir rever a prova com Hélio Lucas, comenta, será preciso “ver o que ele [o técnico] diz”, mas as palavras do canonista são a meio caminho entre a felicidade e o desconforto.

No grande estádio náutico em Vaires-sur-Marnes, casa da canoagem de velocidade, da canoagem slalom e do remo nestes Jogos, há um anfiteatro que Pimenta descreve como “muito bonito”, agradando-lhe particularmente “a cor da água”. Com efeito, numa manhã que começa cinzenta e se vai iluminando, a água é transparente e cristalina.

Visualmente, o prata em Londres 2012, no K2 1.000 metros com Emanuel Silva, e o bronze em Tóquio, no K1 1.000 metros, gosta da pista. O problema, além das águas, é a ondulação, que ele também descreve como “um bocado esquisita”. “Senti a água muito mexida e houve uma fase em que parecia que me vinha a desequilibrar. Mas é a canoagem, um desporto ao ar livre, é assim”, atesta.

MAXIM SHIPENKOV/Lusa

Com um apoio considerável nas bancadas, apesar da superioridade alemã e húngara, Fernando Pimenta ganhou o seu heat sem problemas. Esse conforto deixa-o “satisfeito”, indicando que fez “uma boa gestão de prova”, tendo ainda “mais qualquer coisa para dar”.

Neste “primeiro passo dado”, o minhoto parece ter reservado energias para o que aí vem. “Já me safei de fazer uns quartos de final, o que foi bastante bom”, confessa o homem de 34 anos, feliz por se poupar a mais um esforço.

A 10 de agosto, próximo sábado, a discussão pelas medalhas arrancará com as meias-finais e, se tudo correr bem, continuará na final. Fernando Pimenta aponta à 3.ª medalha olímpica, feito que seria único no desporto português. Até lá, o limiano quer, nestes três dias, “descansar, recuperar bem e fazer mais uns treininhos”.

E, para não haver sobressaltos no sábado, vai “continuar a adaptação” a esta quilha que colocou no Kayak, a qual “prende mais” a embarcação. É o plano anti-algas de Fernando.

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