Por muito pouco o barbudo não repetiu o bronze: Luís Costa ficou em 4.º na prova em linha do ciclismo de estrada em Paris
Michael Steele
Só na derradeira volta ao percurso é que Luís Costa perdeu o rasto ao adversário ucraniano que ficou com a medalha. O português, de 51 anos, acrescentou o 4.º lugar (o seu melhor resultado de sempre nesta especialidade) na prova em linha ao bronze que conquistou na véspera, no contrarrelógio. E Portugal, além das quatro medalhas, já tem 11 diplomas nestes Jogos Paralímpicos
Visivelmente cansado, Luís Costa saiu da curva da reta da meta já sozinho e não acompanhado como andara a prova inteira. Ao alcançar ao destino, verticalizou a postura por um instante, deitando a língua para fora da boca e erguendo um braço, acenando às pessoas que se debruçaram sobre as barreiras dispostas ao lado da estrada. A soma de todos os esforços da véspera terão culminado nesta sua segunda chegada a Clichy-sous-Bois, nos subúrbios de Paris, sem igual máscara de alegria à que no dia anterior usara no contrarrelógio para disfarçar a fadiga com que pedalou “até rebentar”. No regresso ao circuito citadino para a tirada de estrada, viu mais gente a fugir-lhe.
Durante grande parte da prova, o português esteve acompanhado de perto por Pavlo Bal, ucraniano que nunca desarmou da sua roda quando a frente da corrida se partiu em três: na derradeira contagem aos 42,6 quilómetros, o imparável neerlandês Mitch Valize estava na liderança, seguido a quarenta e tal segundos pelo francês Loïc Vergnaud, por sua vez perseguido por Luís Costa e o paraciclista vindo de um país em guerra. Quando a tirada cumpriu os 66,8 quilómetros previstos, o atleta com morada em Portimão foi o único a perder a posição nesta ordem.
O barbudo algarvio ou alentejano, ele diz que tem natureza bipartida, acabou a prova no 4.º lugar, tendo sido ultrapassado na última volta ao circuito por Pavlo Bal, que o impediu de adicionar outra medalha do mesmo tipo à conquistada na quinta-feira. Aos 51 anos, Luís Costa fecha a sua participação nos Jogos Paralímpicos de Paris com um diploma e um bronze, melhorando em ambas as provas que competiu a prestação que trazia de Tóquio: no Japão foi 7.º nas pedaladas sozinhas contra o cronómetro e 6.º na prova em linha. Como auto-elogiara na véspera, tem sido sempre a melhorar.
Este é o mais excelso resultado da carreira de Luís Costa neste vertente, contando com as suas prestações em Campeonatos do Mundo e da Europa, onde jamais superara uma 5.ª posição. Tal qual também explicou, será prova de que nunca o inspetor da Polícia Judiciária e antigo paraquedista sentira o seu físico tão em forma como hoje. O seu esforço, mais um, deu o 11.º diploma paralímpico à delegação portuguesa, além das quatro medalhas (duas de ouro, outro par de bronze) já colecionadas.